Queridos leitores,
Escrevi um post intitulado A inclusão dos alunos com necessidades especiais é irreversível.
Este post saiu no Jornal GGN cujo editor é o jornalista Luis Nassif.
Aqui o link para lerem na fonte, caso queiram: http://jornalggn.com.br/noticia/a-inclusao-dos-alunos-com-necessidades-especiais-e-irreversivel
A inclusão dos alunos com necessidades especiais é irreversível
Luis Nassif, que assunto espinhoso é esse!
Mas suas informações e análises são claras e precisas e precisam ser divulgadas.
A inclusão é irreversível, as pesquisas apontam que as crianças são favorecidas quando inseridas em cursos regulares e minha experiência enquanto diretora de escola que fui também diz que sim. Há a plasticidade do cérebro que, na interação com o Outro, levando a mediação dos conhecimentos, provocam o desenvolvimento e os avanços.
É fácil o trabalho pedagógico? É fácil atender a acessibilidade do espaço físico para todos, a convivência com o diferente?
Não. Não é.
Mas estamos na escola para estudar, pesquisar e encontrar soluções para uma aprendizagem personalizada, porque cada criança é uma e possui a sua especificidade.
Conto-lhe, a título de exemplo, que recebi um aluno na escola para matricula, em 2001 com 11 anos, sem nunca ter estudado em escola regular, vindo da Pestalozzi, com diagnóstico de lesão cerebral moderada e segundo a mãe, quando no ato da matrícula, seu comprometimento era restrito a coordenação motora dos membros superiores e inferiores. Dedos com pouca articulação, pernas sem articulação, enfim… Estávamos em 2001 e a questão da inclusão e a questão da acessibilidade ainda estavam engatinhando.
Primeiro movimento que tivemos era o de dar condições para que ele pudesse se deslocar no espaço, pois não dobrava o joelho para subir degraus, quanto mais escadas.
Fizemos rampas, barras de apoio nos banheiros, enfim… adequamos o espaço.
Ele foi matriculado na antiga 1ª série do ensino fundamental de 8 anos. Durante o processo de ensino/aprendizagem percebemos que havia um comprometimento cognitivo. Pouco falava e sua idade mental era de 5 anos, pois não conservava quantidades, volumes , dentre outros.
Um ano ficamos analisando, pesquisando e trocando informações com outros profissionais. Neste primeiro ano ele sequer aprendeu o traçado das letras, porque havia o comprometimento da coordenação fina.. de modo que pegar em um lápis era muito difícil quanto mais escrever com ele. Números nem pensar.
E o que fazer?
Percebemos que ele gostava das aulas de informática e daí veio-me uma luz: a de alfabetizá-lo com o teclado do computador em detrimento do lápis e do caderno. O teclado facilitava e muito porque com apenas um toque ele conseguia escrever de forma legível.
Assim ele seguiu para o 2º ano, laptop não era de uso comum, de modo que tivemos que deslocar um computador para sala de aula para que fosse o seu material didático. E o professor adaptou o Plano de Trabalho do ano para a especificidade dele. Isto significa dizer que os conteúdos programáticos eram dados de forma geral, mas para ele a exigência estava dentro de sua capacidade real.
Então, o ensino é junto com todos os demais, mas sem apagar a diferença, porque ele tinha uma especificidade dada pela lesão cerebral. Por alguns anos foi atendido pela Pestalozzi no contra-turno, mas depois não houve mais necessidade deste atendimento.
Todos os anos ele foi promovido porque avançava dentro dos objetivos que foram traçados de modo específico para ele. E assim ele chegou até a 8a série,concluindo o ensino fundamental com 19 anos e seguindo para o Ensino Médio.
Era irreconhecível após os 9 anos de estudo de forma integrada com os demais alunos, pois o avanço do desenvolvimento intelectual, motor e afetivo eram notórios, propiciados pela aprendizagem. Segundo Vygotsky o aprendizado, mediado pelo Outro, alavanca o desenvolvimento. É um fato.
E ele não foi um caso isolado nesta escola que postulava a inclusão. Uma escola particular, mas com parcos recursos, atendendo pais da classe trabalhadora.
Família, escola e outros profissionais podem promover avanços em escolas regulares, é possível. O que não exclui a participação das outras instituições como APAes que devem e podem orientar as escolas regulares, assumindo o contra-turno, com vistas inclusive ao convívio social , e no atendimento dos casos impossíveis de serem bem assistidos na instituição de ensino regular. Penso que deste modo atingiremos um avanço enorme, assim como reconheceu D. Jô.
De maneira que concordo plenamente com a sua rica explanação.
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Tags: educação de necessidades especiais, inclusão, Jornal GGN, Luis Nassif
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Nilra Maria teixeira de Araujo comenta:
dezembro 14, 2016 @ 16:49
Parabéns!
Precisamos mostrar amor ao próximo de muitas formas e essa é a maior forma, a da inclusão do aluno especial às escolas.
Vamos combater escolas que disfarçam e reprovam…mas que na verdade é para se livrar da criança.